O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?
Esse era o tema da prova de redação que a professora do sétimo ano do colégio Santo Expedito aplicara aos alunos.
Paulinho quando se deu conta de si após um momento de dislexia, já havia assinado o nome e sequer escrevera o título da redação. Teria de se apressar para entregá-la a tempo.
Victor Hugo dos Santos beijara suas duas filhas, Juliana de 7 anos e Juliene de 5antes de sair. Sua esposa escovava os dentes no banheiro e seu cabelo ainda estava despenteado.
-Tchau, Roberta. – Disse antes de cruzar a porta de sua casa. Antes de fechá-la, ele olhou por cima dos ombros as filhas na mesa da cozinha comendo o tradicional cereal com leite quente. Um pequeno sorriso se formou no canto de seus lábios. Quando sua esposa postou-se para fora do banheiro a fim de se despedir, ele já havia ido.
Victor ligou o rádio do carro sintonizando-o na rádio CBN. O trânsito fluía em sua ordinária lentidão das 7h20 da manhã. Ouvia as notícias com certa resignação; nada de trágico acontecia. Nenhuma enchente. Nenhuma bala perdida em uma sala de aula. Nenhum desmoronamento em um dos morros do Rio de Janeiro deixando centenas de mortos e desabrigados. Maldita catarse. Ele pensou. Era uma típica manhã de quinta feira onde as pessoas acordam com os jogos da rodada de quarta ainda na cabeça.
Trinta minutos depois, dobrou uma direita entrando numa rua semi-deserta flanqueada por um denso matagal. Ao fim dessa rua, havia um prédio abandonado que sequer chegara a ter os esqueletos de seus alicerces coberto.
Estacionou o carro defronte ao prédio que passaria eternidades inacabadas, e, sob um compartimento secreto embaixo do banco do motorista, pegou uma pistola .9mm. Victor colocou-a sob seu blusão branco de manga longa. Suspirou e adentrou no pátio da construção onde 3 homens o aguardavam. Seu semblante não demonstrava inquietação.
Um corvo passou grasnando e pousou sobre uma placa corroída pelo tempo. Nela tinha a imagem de como seria aquele esqueleto de prédio com os seguintes dizeres: CONDOMÍNIO BOSQUE DAS PALMEIRAS. O MELHOR LUGAR PARA SUA FAMÍLIA. O pássaro fitava os homens. Sinto cheiro de morte, sinto cheiro de um banquete.
Victor Hugo parou em uma boa distância dos homens que o aguardavam.
-Vindo aqui vejo que tem colhões, Victor, ou devo chama-lo pelo seu verdadeiro nome? –Ironizou o homem do meio. Um sujeito gordo com os cabelos ralos que cairiam dentro de 3 ou 4 anos.
-Pena que não posso dizer o mesmo de seu irmão, Bola.- Respondeu Victor.
Ao lado direito de Bola, um sujeito com olhos ávidos e com um corpo muito magro. O fuzil que ele carregava deveria ser mais pesado que sua própria massa corporal. Ao lado esquerdo, um negro alto e esguio com uma enorme cicatriz de queimadura no pescoço. Havia uma pistola propositalmente a amostra fixada em sua cintura. Não obstante, Victor não se aparentava intimidado.
-Quando você deixou de dar valor a sua vida, Victor?
-Como?
-Bem, pelo que posso ver, não trouxe o nosso dinheiro. Não sei você, mas eu encararia isso como um ato negligente para consigo mesmo, não acha?
-Negligente – repetiu Victor com um tom sarcástico em sua voz – andou lendo o dicionário, Bola?
-Suas palavras não me ofendem mais, Victor. Já se foi o tempo que você conseguia abalar minhas estruturas com elas. Porém, creio que essa sua boca se calará para sempre, a não ser é claro, que o dinheiro esteja em seu carro e você está tentando nos pregar uma perigosa pegadinha. Perigosa para você é claro.
-Quantas vezes terei que repetir ao seu irmão que não o devo mais nada.
-Bem – respondia Bola com uma expressão irônica – ele não acha isso e quer a grana a qualquer custo.
Victor sorriu devolvendo-lhe a ironia.
-Admito que admiro a sua frieza. Sorrir assim diante da morte. – Bola falou.
Victor replicou:
-Obrigado pela admiração, mas discordo que irei morrer...
Com uma agilidade digna de um pistoleiro dos filmes da faroeste, Victor sacou a pistola .9mm e disparou sem sequer tirá-la debaixo de seu blusão. Meteu uma bala no peito do magro com olhos ávidos. O projétil atravessou seu esquálido corpo como se atravessasse uma tênue folha de papel. Caíra com os olhos arregalados fazendo um ruído oco sobre as britas e cascalhos que pavimentavam o pátio daquela construção. Disparou duas vezes contra Bola acertando-o no peito e na barriga. O gordo quase calvo caiu agonizante e incrédulo com a agilidade de Victor. O negro alto fora alvejado 4 vezes, sua mão direita estava prestes a sacar a sua pistola, contudo, jamais seria mais rápido do que Victor. Caíra sobre a brita e seu corpo tremeu em 3 movimentos espasmódicos antes de ficar inerte para sempre.
-... Afinal, você é que irão morrer.
O corvo se assustou com os disparos, voou e bramiu um agudo grasnar.
-Você cometeu o pior de seu erros, Victor – dizia o agonizante Bola. O sangue lhe saia pelas orelhas e pelos cantos dos lábios. – Vai pagar muito caro por isso. Toda sua família irá pagar.
O quente vento do inferno soprou carregando a alma de Bola para lá. Um dia carregaria a alma de Victor e ele sabia disso. Porém, pela primeira vez naquela quinta feira, a preocupação passou a assolá-lo.
Ele voltava para casa. O velocímetro beirava os 90km/h. Ligava desesperadamente para a esposa, contudo, o desespero se intensificou quando o telefone caía na secretária eletrônica e o celular de sua esposa tocava no porta-luvas de seu carro.
-Que merda! – Ele gritou.
Embora houvesse deixado o recado na secretária após ouvir a simpática voz de sua filha Juliana.
-Roberta, Tranque as portas, arrume as crianças que vamos sair daqui e pelo amor de Deus, não atenda ninguém, entendeu? Ninguém!
Um funesto sentimento de que era tarde demais rondava sua mente. Era um pensamento que tentava manter longe, mas ele sempre voltava como um cão vadio.
-Roberta!- Gritou Victor adentrando às pressas em sua própria casa. O lugar parecia que tinha abrigado um furacão de categoria F5. Tudo estava revirado. Meu Deus, não! Ele pensou. O que Victor Hugo mais temia estava se revelando bem diante de seus olhos, porém, o pior ainda estava por vir.
Victor caminhou até a cozinha igualmente destruída e lá viu algo que fez suas pernas perderem toda a sustentação. Caíra de joelhos com a expressão numa ambiguidade de horror e perplexidade. Roberta estava caída com uma enorme faca cravada em seu peito. O sangue empapava todo o vestido e o líquido rubro corria pelo rejunte do piso. O gato das crianças lambia o sangue em um ato de total curiosidade.
-Não!- Berrou Victor em desespero. Naquele momento, ele se esquecera das próprias filhas. – Desgraçados!
Entretanto, havia um bilhete colado na geladeira. Bilhete que não estava lá quando ele saiu e que lhe fez retomar a realidade de que tinha duas filhas em algum lugar. Tomou forças para se levantar e apanhar o bilhete.
SE QUISER AS MENINAS VIVAS, VENHA À MINHA MANSÃO.
PS: NÃO FAÇO QUESTÃO MAIS DO DINHEIRO.
DE SEU VELHO COMPANHEIRO:
Lindomar.
Victor dirigia até a mansão de Lindomar. Seu semblante era totalmente contorcido pela dor e pelo ódio que sentira. Conjecturou que um capanga dele estivera observando-os escondido no prédio inacabado, e quando ele despachou Bola e seus comparsas, este teria avisado aos outros homens. De fato, fora realmente isso o que havia acontecido.
Ao chegar à mansão de Lindomar, os funcionários da portaria abriram-lhe o portão sem fazer nenhuma objeção, nenhum questionamento, sem lhe dirigir nenhum olhar. Victor queria matar cada funcionário de seu velho companheiro. Sim, ele considerou essa hipótese dezenas de vezes enquanto dirigia para lá, porém sabia que só pioraria as coisas, afinal, a vida de suas filhas estava em risco.
Parou diante da mansão após fazer um pequeno contorno sobre um bela fonte com chafariz. Uns homens em seus impecáveis ternos pretos com os rostos ocultados por enormes óculos escuros o observavam. Contudo, Victor sequer tomou conhecimento, subiu as escadas com a .9mm sob o seu blusão que jazia furado pelos disparos na construção abandonada junto de seu olhar vingativo e assassino. Caminhou até o escritório de Lindomar.
O escritório de Lindomar na verdade era do tamanho de uma casa dessas construções financiadas pela caixa econômica. Havia algumas plantas em caríssimos vasos. Bonitos quadros pendurados na parede. Duas estátuas de mármore em cada flanco de sua enorme mesa. Ao fundo, uma enorme janela com a visão panorâmica de quase toda a mata atlântica daquela região.
Lindomar era um homem de 50 e poucos anos. Não era tão gordo como seu irmão, e seus cabelos já haviam caído há 25 anos. Vestia-se como um mafioso italiano (era grande fã de O poderoso chefão) e fumava um enorme charuto cubano. Ao seu lado havia um sujeito com traços orientais e de uma expressão fria. No canto de seu escritório, sentadas em um sofá, supervisionadas por um louro alto de expressão severa e intimidadora, estavam Juliana e Juliene. Apavoradas.
-Isso nunca teve a ver com elas, Lindomar! – Gritou Victor Hugo adentrando o escritório – sempre foi entre você e eu.
-Pai!- Gritaram as meninas em uníssono.
Lindomar riu da cena.
Victor havia passado os olhos por toda a extensão do escritório e gostara do que havia visto. Pouca gente, vou pegá-las de volta e matar todos que tentarem me impedir. Quando as meninas em prantos chamaram por ele seu coração pareceu que parou de bater.
-Não quer tomar um drinque como nos velhos tempos, caro amigo?
-Eu não lhe devo mais nada, Lindomar! Não lhe devo mais. Eu lhe paguei fazendo aqueles serviços.
Com uma expressão serena, O velho enchia um copo com uísque importado. Tomou um gole e encheu-o novamente.
-Sabe, Victor. Você é um dos melhores assassinos de aluguel que eu já conheci. Porém foi o mais idiota também. A ponto de desperdiçar toda a sua brilhante carreira na jogatina. Quantas vezes mesmo eu te salvei das garras de seus credores? Foram 8 ou 9?
-Isso foi antes de eu ter conhecido Roberta, você sabe muito bem disso!
O velho tomou outro gole do uísque. O sujeito oriental parecia uma estátua de cera. Sequer demostrava qualquer reação facial.
-Em todo caso – dizia Lindomar- você jamais teria conhecido sua falecida esposa, que Deus a tenha em seus misericordiosos braços, se não fosse pelo meu dinheiro não é mesmo? Afinal você já seria pó nesse momento.
Victor Hugo observava de soslaio o louro alto perto de sua filhas. As meninas tentaram correr para o pai, contudo ele as impediu. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de desviar o olhar de Lindomar, pois era um velho traiçoeiro. Esperava o momento certo para agir.
-O que eu quero que você saiba meu velho amigo, Victor, é que eu cuidei de você como um filho. Eu te protegi. Dei-lhe até um novo nome com direito a novos documentos, uma nova vida e tudo o que eu pedi em troca foi um simples serviço bem feito e você não o fez.
Apesar do grande ódio que estava sentindo de Lindomar, Victor não podia negar as cruéis verdades que saiam da boca dele e penetravam em seus ouvidos agindo como uma peçonha corrosiva causando a pior das moléstias. Sentia-se envergonhado por sua própria existência e ainda mais, sobre seu próprio passado.
-Sabe, Victor, eu sempre fui uma pessoa perfeccionista. Sempre quis as coisas em seus devidos lugares e com meus funcionários nunca agi diferente. Sempre os deixei ciente de como gosto das coisas. É só perguntar a qualquer um deles por ai.
Victor matutava em seus botões em quem iria atirar primeiro. O louro alto provavelmente será o primeiro. Ele pensava. Ele está com as crianças. Por outro lado, esse japonês me encarando não deve ser flor que se cheire; se eu atacar o grandão ele... Merda, que dilema! Todavia, diante das possibilidades que o aturdiam, havia pelo menos uma certeza, Lindomar seria o último dos três a morrer.
-Eu sempre fiz todos os serviços que me mandou fazer, Lindomar. Durante 1 ano eu matei para você em troca das minhas dívidas de jogo. Creio que já estamos quites, por que insiste em dizer que eu ainda lhe devo?
Lindomar explodiu em uma hedionda e sonora gargalhada. Sua pesada mão caíra sobre a mesa fazendo um ruído estrondoso. A garrafa de uísque oscilou sobre aquela superfície. O oriental sequer piscou os olhos puxados com o som do impacto da mão de seu patrão sobre a mesa.
-João Reis Lobo. Esse cara me deu um prejuízo de 4 milhões. –disse o velho mafioso após as gargalhadas – Claro que isso poderia ter sido facilmente desnecessário se você tivesse cumprido com o que tínhamos combinado.
Em uma clarividência, Victor se lembrou daquele sujeito com olhos de cachorro abandonado perante a mira de sua .9mm. O homem chorava e clamava por misericórdia. Victor ainda podia ouvi-lo naquele instante. –Por favor, eu tenho mulher e uma filha. – Na época, Juliana era um bebê de 3 meses, e Victor lamentou a pena que passou a sentir daquele homem. Sabia perfeitamente que naquele negócio a frieza era imprescindível. O matador recolheu a arma em um gesto misericordioso. Os olhos de João chamuscaram de esperanças. Contudo, sua expressão exalava repugnância para com aquele sujeito.
-Escute bem – disse Victor ao homem – porque só irei dizer uma vez. Você irá pegar sua mulher junto de sua filha e irá desaparecer do mapa entendeu? Terá dois dias para estar em um lugar onde sequer o Rio de Janeiro conste no mapa. Se você não fizer isso, eu irei atrás de você e te encherei de chumbo, ah eu juro que irei, fui claro?
O homem balançou avidamente a cabeça numa afirmativa.
-E cada vez que você ouvir o nome de Juliana irá erguer as mãos ao céu e agradecer a Deus por estar vivo, compreende?
João meneou a cabeça em outra afirmativa.
Todavia, João Reis Lobo não cumpriu sua parte no acordo.
-Esse cidadão no qual você deveria matar, Victor, assassinou um sócio meu entende? Seria meu maior acordo. Por isso que a morte daquele verme seria a garantia do meu negócio. Mas não sei por que você não o matou, e quer saber, nem me interessa o motivo. Eu poderia ter te matado de imediato, velho amigo, mas eu coloquei em minha cabeça que você iria me devolver pelo menos 30% dos 4 milhões.
Naquele momento Victor Hugo já sabia como agir.
-Quando você disse que não me devia mais, não havia mentiras em suas palavras. De fato, suas dívidas de jogos foram quase pagas. Contudo você ainda me deve quando deixou aquele homem vivo.
Victor passaria a amaldiçoar João Reis Lobo pelo resto de sua vida, porém o resto de sua vida poderia esperar. Aquiesceu que Lindomar há anos já deveria ter despachado João para os quintos dos infernos, e aquiesceu também que lhe dera uma morte bem dolorosa e hedionda, mas logo se esqueceu disso, pois na sua cabeça, em um frio cálculo assassino, só havia a sua iminente ação.
O antigo matador sacaria a .9mm e despacharia o japonês para o outro mundo. Imediatamente, ele teria Lindomar em sua mira. Esse seria seu trunfo para com o louro alto. Afinal ele pensaria duas vezes em fazer algo contra as meninas tendo seu patrão sob a mira de uma pistola sanguinária.
Contudo, assim como ele surpreendera Bola e seus capangas, o oriental sem expressão o surpreendeu.
Ao movimentar-se para sacar a arma e disparar contra o japonês, o oriental anteviu seus movimentos e agiu numa velocidade quase surreal. Arremessou uma pequena faca de cabo de alumínio em forma de losango atingindo o peito de Victor. O ex-matador assimilou o impacto da faca caindo para trás fazendo um ruído oco sobre o tapete do escritório de Lindomar. Suas filhas berraram num grito agudo. Ele sabia que aquela facada lhe custaria à vida. A luz do sol que penetrava pela enorme janela ficara baça em seu campo de visão.
A cada batida de seu coração, mais sangue a ferida causada pela faca ia expurgando. Por um momento, ele pensou em tirar aquele objeto de lá, porém assentiu que só iria acelerar a sua morte. Se fosse torturado aquele gesto lhe seria um trunfo. Ouviu barulhos de passos sobre o tapete, estaria vindo o tiro de misericórdia.
Lindomar o olhou com certa repugnância em seu semblante.
-Você é ágil sem dúvidas, Victor, contudo, é muito previsível.
-Deixe-as ir.- dizia Victor um uma voz diminuta- Por favor, deixe-as ir.
-Que homem você acha que eu sou, Victor?
-Por favor, deixe-as ir. Não acabe comigo na frente delas.
Lindomar estalou os dedos e o louro levou as crianças em estado de choque para perto do pai. Victor movimentou a cabeça para o lado a fim de fitá-las pela última vez. A fim de dizer um último adeus. A fundo, ele já podia ver o grande portão do inferno aberto, com todas as pessoas que ele havia matado lhe aguardando. Bola era uma dessas pessoas, e ele estava sorrindo com olhos ávidos que denotavam : traga ele para mim, traga ele agora! Juliana e Juliene mal conseguiam piscar os olhos, aquele espetáculo dantesco era severamente absurdo para uma compreensão inocente da vida.
Victor queria dizer o quanto ele as amava e o quanto lamentava pelo o que elas estavam presenciando, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Houve outro estalo de dedos e, em uma atitude repugnante e vil, o louro alto quebrou o pescoço de Juliana seguido de Juliene. Ambas caíram sem vida com as cabeças em um ângulo hediondo. Os olhos de Victor se arregalaram horrorizados. Queria gritar, queria se vingar, porém, a única coisa que lhe restava era morrer coma imagem de suas filhas caídas mortas ao seu lado.
-Que homem você acha que eu sou, Victor, por deixar duas lindas meninas passarem o resto da vida com a morte dos pais em suas memórias?
Victor chorava, os últimos suspiros de vida eram convertidos em lágrimas. Se eu pudesse voltar atrás, se eu pudesse voltar... Ele pensava antes de deixar aquele mundo.
O tempo da prova acabara e Paulinho sequer escrevera uma linha. Contudo, ao contrário de muitos garotos de sua idade que sairiam com os semblantes preocupados após um fiasco daqueles, ele sentia-se aliviado, como uma pessoa que se vê diante de uma segunda chance após algo terrível.
O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?
O tema da prova de fato ficou sem uma resposta de Paulinho, pois ele fora sincero em não souber explicar o que queria ser, entretanto, se o tema da prova de redação fosse: O QUE VOCÊ NÃO QUER SER QUANDO CRESCER? Ele escreveria uma redação de 50 páginas.